Quando a gente planeja um parto humanizado (seguindo a medicina baseada em evidências), a gente espera não precisar de nenhuma das intervenções possíveis num parto. As intervenções vão desde a anestesia, até possíveis cortes (episio - eca) e manobras desnecessárias (como Valsava e Kristeller). Como estou "estudando", vou deixar aqui registrado um pequeno resumo do que encontrei, afinal o assunto é BEM MAIS AMPLO que isso. Não procurei em bibliotecas Cochrane ou PlubMeds da vida, coloco aqui o que encontrei em blogs especializados (devidamente citados, claro), artigos e de livros que tive a oportunidade de ler... Com os médicos humanizados que conversei, eles sempre foram enfáticos: a primeira intervenção puxa a outra...
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A Anestesia
No cuidado
anestésico de uma gestante, os dois pacientes (a mãe e o feto) sofrem as
consequências da conduta. É necessário um profundo conhecimento das
alterações fisiológicas que acompanham a gestação e de suas interações
com a modalidade anestésica escolhida. Falhas em considerar tais fatores
podem gerar consequências catastróficas para ambos.
As técnicas utilizadas para analgesia de parto são epidural (comumente "peridural"), espinhal ("raquidiana") e combinada espinhal-epidural. A analgesia epidural é realizada por meio da colocação de um cateter no espaço epidural para administração contínua ou intermitente de anestésicos locais e/ou opioides. Na raquidiana, a agulha vai mais fundo, até o liquor, e a aplicação é única. São sinônimos: anestesia raquidiana, raquianalgesia, raquianestesia, anestesia raquídea, espinhal, intradural, subaracnóidea
ou simplesmente, raqui. Para anestesia peridural: analgesia
epidural, extradural, que pode ser torácica, lombar ou sacra,
esta também dita caudal.
Recentemente, a técnica alternativa de duplo-bloqueio espinhal-epidural vem ganhando maior popularidade. Nessa técnica, é realizada administração única e colocação de um cateter no espaço epidural para administrações posteriores. A administração de opioides resulta em grande alívio da dor sem praticamente nenhum bloqueio motor. A técnica de duplo-bloqueio está relacionada com maiores índices de satisfação das parturiente.
No entanto, a analgesia combinada está relacionada a uma dilatação mais rápida do canal cervical, quando comparada à analgesia epidural, e está demonstrado um aumento da incidência do uso de fórceps em pacientes que utilizaram analgesia epidural.
Os diversos agentes anestésicos causam pequenas reduções na circulação uterina devido à redução leve ou moderada da pressão sanguínea materna; provocam efeitos discretos sobre o sistema circulatório; e ainda podem reduzir de forma significativa a circulação placentária.
É importante ressaltar que existem sim consequências para o bebê. A anestesia chega até ele através da placenta e ele pode "sofrer" efeitos colaterais, como nascer hipotônico, com leve desconforto respiratório, entre outros. E também observa-se que o uso da anestesia pode atrapalhar a evolução do trabalho de parto (o relaxamento dos
músculos do assoalho pélvico (que podem retardar a rotação da
cabeça); a diminuição da vontade de fazer força pela diminuição
do reflexo de expulsão; e a redução da atividade uterina) e as chances de se partir para um parto vaginal operatório (com uso de ocitocina, episiotomia, fórceps, extrator a vácuo) ou mesmo para uma cesárea intraparto aumentam. Ainda há chances da anestesia 'não pegar' corretamente e você ficar apenas com um lado adormecido; a anestesia ainda pode lhe causar tremedeiras, febre, naúseas e vômito; você poderá perder o controle e ter que ser guiada para fazer força (aumentando as chances de laceração).
Um recurso proposto para evitar os inconvenientes da analgesia
epidural é a deambulação da paciente no primeiro período do trabalho de parto (dilatação). Isso é possível pela técnica da analgesia
epidural com a introdução e fixação de cateter por todo o período. Mas autores de pesquisas realizadas
concluíram que a deambulação durante o período de dilatação do trabalho de parto em pacientes submetidas à analgesia epidural não
proporcionou benefícios nem danos evidentes (ou seja, não se mostrou eficaz)...
Enfim, podemos lançar mão sim da anestesia, mas temos sempre que ter consciência que terá consequências e que nenhuma escolha estará isenta disso.
O apoio
contínuo de um cuidador (doula) parece conferir os maiores benefícios
quando este não é empregado da instituição, quando a analgesia
epidural não é utilizada rotineiramente e quando o apoio começa
no início do trabalho de parto. A participação
de um acompanhante durante todo o trabalho de parto e o parto já foi reconhecido como benéfico; infelizmente, nem todas as instituições públicas dispõem de estruturas que permitam adotar tal
conduta.
Parto Natural dói? Sim, e não tenho dúvidas e nem acho que eu serei uma das "premiadas" com o tal parto indolor, mas antes de optar por uso de farmacológicos, penso em fazer uso de outras "anestesias" naturais, como massagens, movimentação livre, uso de bolsa de água quente, ou de banhos (de chuveiro ou de imersão) em água aquecida, etc. Há quem use ainda pressão cutânea, aromaterapia, hipnoterapia e acupuntura
Fontes: ANESTESIA E ANALGESIA DE PARTO - Arq. Bras. Cardiol. vol.93 no.6 supl.1 São Paulo Dec. 2009; Analgesia e anestesia no trabalho - Cunha AA, FEMINA, Novembro 2010, vol 38, nº 11 ;
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